Estão surgindo muitas matérias que falam sobre a velhice. Que
falam da solidão dos mais velhos. Eu penso que eu não vou sofrer muito não com
a velhice.
Acho que sempre fui uma alma velha, desde jovem. A solidão sempre foi uma zona de conforto pra mim. Eu me dou bem com ela.
Tudo que eu mais gosto de fazer é solitário, então porque não gostaria da velhice? Vou ler adoidado, vou ver filmes adoidado, vou escrever adoidado, vou estudar adoidado. E nos intervalos vou dançar pra mim mesma adoidado.
Eu adoro enlouquecer sozinha. Eu aprendi a me divertir sozinha. E diversão pra mim é coisa levada à sério. Pra quem tem olhos generosos pra si mesma e pra vida, a velhice é o momento de liberdade de muita coisa.
Por um lado, ela pode ser difícil, mas por outro ela pode ser uma benção. Depende dos nossos olhos. E os meus são ótimos, não desbotam, não perdem o colorido com o passar dos anos.
Ainda quero dançar muito ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70. Também quero dançar muito ao som de Anita e Ludmila, porque não? E se me faltarem bons ouvidos, bons olhos e boas pernas, eu já estou preparada. Eu ouço, vejo e danço com o coração. Esse não envelhece nunca.
Em uma pesquisa foi dito que o pico de entusiasmo pela vida vai até os vinte, fica parado por quarenta anos e depois retorna por volta dos 65 anos, formando um "U". Quem trombar comigo hoje que se cuide, que estou começando a curva do “U”, pra cima de novo.
Será que é "U" de último? Último papo, último whisky, último vinho, último gole, último sopro, último fôlego para dançar um último tango. Esse último tempo é o melhor dos últimos tempos!
Muitas rugas podem recordar momentos de alegria e não tiram a dignidade do rosto. (Ivo Pitanguy)
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