Hoje estou precisando mesmo é de uma overdose mortal de cores. Estou me
sentindo meio esmaecida, desbotada. Se soubesse onde mora um arco-íris eu ia me
sombrear debaixo dele.
Mas eu acho que estou precisando mesmo é de ir visitar os baianos.
Queria ter nascido na Bahia. Pele cor de jambo, olhos cor do mar, boca cor de
morango, cabelos cor do sol. Com uma alma bem molenga, eu ficaria arrastando
meus chinelinhos bordados, sempre a-cor-dada pra vida.
Pra baixo da Bahia, todos têm escrito na camiseta a mesma frase: meu
nome é Trabalho. A vida fica parecida com uma repartição pública com a grande
função de administrar problemas. Aqui não tem tempo pras gracinhas, pras
brincadeiras, pras artes como a música e dança baianas.
Aqui a vida passou do ponto e endureceu como uma pedra. É preciso
reaprender o be-a-bá do que faz a vida valer a pena, aprender de novo como se
soletra "saber viver". É preciso pegar na mão pra desenhar um sol,
uma praia, um coqueiro, uma jangada, uma estrela do mar, uma rede de pescador.
Falta uma vida mais leve, mais livre, mais solta, falta uma dança, uma
música, poetar olhando para o mar. Não é por acaso que lá se chama Bahia de
Todos-os-Santos. É por lá que todos eles ficam. É lá que eles escolheram ver o
sol nascer.
Se me mandassem para uma ilha deserta sozinha, só com um celular
desconectado e com direito a levar apenas duas coisas, nem duvidaria das minhas
escolhas. Depois de baixar todas as minhas playlists de músicas no Spotify, eu
levaria a minha caixa de som JBL e um vinho debaixo do braço.
Eu ia catar grãos e coquinhos, pegar umas folhas de bananeira, acender
uma fogueira com dois pauzinhos e fazer um luau numa praia pra mim mesma. Com o
meu poder de imaginação aguçado e ao som de um Elvis, eu ia reviver seu
filme “Blue Hawaii".
Como "Elvis e sua pélvis” foram acusados de
corromper a juventude de toda uma nação, eu poderia ser acusada de corromper a
fauna e a flora de toda uma ilha deserta. Mas quem liga? Quem vai me prender?
Se alguém se atrever eu convido pra festa.
Eu nunca faço as unhas. Aprendi a me entender com elas, sempre curtas e
básicas. É bem mais prático. Mas quando quero mudar um pouco, como para uma
festa, eu sempre me pergunto: Porque a cor nude de novooo, porque a cor do
tédio de novooo, porque, porque?
Pra ir dançar numa festinha, cor invisível jamais! Azul é tudo. Mais é
tudo. Mais é mais. Minhas "alegrettes", seguidoras dessa alegria
toda. Eu vou de azul cor do mar do Caribe. E você?
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