”Tornar-se interessado na meditação e no mundo interior significa que
não se está mais interessado nos problemas sociais que a humanidade enfrenta?”
Como estou muito focada na minha interiorização e evolução, me
distanciei muito dos dramas do mundo e me fiz essa pergunta várias vezes. Será
que estou ficando indiferente? Agora ela me foi respondida por Osho, no texto
abaixo.⧪⧪⧪
É um momento em que você deve escolher. Você está colocando muita
importância nos itens materiais, no ego e ficando preso em todo o drama do
mundo, ou está focado em seu próprio crescimento e compreensão?
Confie que há uma razão para tudo o que acontece e se afaste das emoções
negativas ou do drama dos outros. É o momento de terminar qualquer dependência
que tenha em relação aos outros ou as suas situações e permita que eles sejam
responsáveis por suas próprias ações, assim como você é responsável pelas suas.
Este resíduo da nossa crença do ego baseada nos medos, na falta e na
limitação, levou não somente à extrema pobreza que assola as massas da
humanidade, mas também aos níveis obscenos da ganância e da corrupção que
estamos testemunhando em todo o mundo.
Seja grato, pois você tem muito a celebrar. Tome medidas para garantir a
sua segurança e invista seu tempo e dinheiro com sabedoria. Concentre-se nos
profundos sentimentos de paz e de felicidade e não se permita ficar preso nos
medos ou preocupações, nos outros ou em sua própria vida. Veja a resolução de
todas as dificuldades e apenas continue avançando.
Na verdade, antes de você abrir mão dos seus próprios problemas, você
não tem a perspectiva certa para entender os problemas do mundo. Sua própria casa
está tão confusa, seu próprio ser interior está tão confuso! Como você pode ter
uma perspectiva para entender grandes problemas? Você nem sequer entendeu a si
mesmo! Comece daí, porque qualquer outro início será um início errado.
Sim, há problemas, eu concordo. Há grandes problemas. Na vida
encontramos a infelicidade, a pobreza, a violência, todos os tipos de loucuras
– isso é verdade – mas, ainda assim, eu insisto que o problema está na alma do
indivíduo. O problema existe porque os indivíduos estão vivendo um caos
internamente. O caos total não é nada além de um fenômeno combinado: todos nós
derramamos o nosso caos nele.
O Vietnã não surgiu de repente – nós o criamos. É o nosso pus que
supura; é o nosso caos que custa caro. O início tem de ser com você: você é o
“problema do mundo”. Portanto, não evite a realidade do seu mundo interior –
essa é a primeira coisa.
Você pergunta: “Tornar-se interessado na meditação e no mundo interior
significa que não se está mais interessado nos problemas que a humanidade
enfrenta?”
Não. Na verdade só então a pessoa se torna realmente interessada. Mas o
seu interesse será de um tipo totalmente diferente: você irá examinar as causas
básicas dos problemas. Como você está, quando está interessado, está
interessado nos sintomas. Você pode não concordar, porque não consegue enxergar
a raiz, você só enxerga o sintoma. Um Buda está interessado – mas ele sabe onde
está a raiz, e se esforça muito para mudar essa raiz.
A pobreza não é a raiz, a raiz é a ambição. A pobreza é o resultado.
Você continua lutando contra a pobreza e nada vai acontecer. A raiz é a
ambição; a ambição tem de ser extirpada. A guerra não é o problema; o problema
é a agressividade individual – a guerra é apenas a acumulação da agressividade
individual.
Você continua participando de passeatas de protesto, e a guerra não vai
ser detida. Isso não faz nenhuma diferença – suas passeatas de protesto, e tudo
o mais . E se observar os manifestantes, verá que a maioria deles são pessoas
muito agressivas – você não verá paz em seus rostos. Elas estão prontas para
brigar.
Passeatas de protesto pacíficas a qualquer momento podem se transformar
em tumultos. São pessoas agressivas – estão mostrando sua agressão em nome da
paz. Estão prontas para brigar; se tivessem poder, se tivessem a bomba atômica,
soltariam a bomba atômica para promover a paz. É o que todos os políticos dizem
– eles dizem que estão brigando para que a paz prevaleça.
O problema não é a guerra, e os Bertrand Russells não vão ajudar. O
problema é a agressão que está dentro dos indivíduos. As pessoas não estão em
paz consigo mesmas, por isso a guerra tem de existir. O problema não é a
guerra; o problema é a neurose individual.
Mude a raiz – é necessária uma transformação radical; as reformas comuns
não vão funcionar. Mas você pode não entender. Como eu estou aqui, continuo
falando sobre meditação, mas você não consegue ver a relação. Não percebe como
a meditação está relacionada com a guerra. Eu enxergo o relação, mas você não
vê a relação.
O meu entendimento é o seguinte: se pelo menos um por cento da
humanidade se tornar meditativo, as guerras vão desaparecer. E não há outra
maneira de pôr fim às guerras. Esse tanto de energia meditativa tem de ser
liberado. Se um por cento da humanidade – isso significa uma entre cem pessoas
– se tornar meditativa, as coisas terão de ser totalmente diferentes.
A ambição será menor e, naturalmente, a pobreza será menor. A pobreza
não está aí porque as coisas são escassas; a pobreza está aí porque as pessoas
estão acumulando, porque as pessoas são ambiciosas. Se vivermos no agora, há o
bastante; a terra tem o suficiente para nos dar. Mas nós planejamos adiante,
nós acumulamos, e então surge o problema.
Viver o momento, viver no presente, viver amorosamente, viver em
amizade, cuidar ... e o mundo será totalmente diferente. O indivíduo tem de
mudar, porque o mundo não é nada além de um fenômeno projetado da alma
individual.
Osho... em "Fama, Fortuna, Ambição" -
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