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sábado, 2 de julho de 2016

UmaVida...Desconstruindo...

Viver é escrever um livro mesmo, com vários capítulos sendo criados, vividos, desenrolados, iniciados, terminados. Me deu vontade de relembrar esse capítulo da minha vida. Por um bom tempo, mais ou menos uns 15 anos, eu tive uma confecção de roupas femininas.
Eu era a estilista, a administradora, a financeira, a atendente, eu era tudo.
Por aí já dá para ter uma noção que algo estava errado.
Gostava de enfeitar a mim e as minhas amigas com roupas lindas, bordadas, únicas, exclusivas, totalmente feitas à mão.
Eu brincava de fazer rainhas e princesas todas as mulheres que chegavam até mim.
Eu me encantava com essa magia, com esse ar de conto de fadas, achando que era simples embelezar e enfeitar o mundo.
Por outro lado, me desencantava com os custos e encargos para manter esse meu reino em pé.
Era uma época muito difícil aquela do plano cruzado, quando comprava um tecido hoje e amanhã ele estava o dobro.
Nunca conseguia reajustar os preços com aquela inflação gigantesca e me equilibrar financeiramente.
Mas, como sou muito artista e pouco empresária, até aí tudo bem, né?
Continuava me divertindo só em fazer cada vez mais tudo mais lindo e ia empurrando com a barriga, fingindo que era feliz.
Fazia coleções lindas, desfiles descolados, só roupa bonita em gente bonita.
A minha receita mensal para medir o nível de sucesso da minha marca nunca era proveniente dos cifrões, mas dos elogios.
Sempre escutava que eles não enchiam a barriga e nem colocavam comida na mesa de ninguém, mas não dava ouvidos a isso.
Os inúmeros elogios eram o único alimento motivador, eram o fogo que mantia aceso essa minha paixão maravilhosa, mas irreal.
Roupas lindas, criativas, sofisticadas, de muito bom gosto, etc, etc, etc. 
Eles me animavam, me motivavam e massageavam meu Ego me trazendo mil motivos para continuar.
Junto com tudo isso, eles criavam em mim uma falsa esperança de que tudo um dia ia melhorar, tudo um dia ia dar certo.
Todos nós queremos ser bem sucedidos, queremos ser elogiados, queremos ter uma imagem bacana, admirada, então eu cultivei em mim uma imagem de poder e de sucesso que não correspondia à realidade.
Com o Ego dando cada vez mais corda, ia ficando cada vez mais difícil tirar aquele véu de ilusão que não me deixava cair na real.
Não é a toa que vou colocar aqui a palavra Ego em maiúscula.
Ele é um perigo na vida da gente...ele é traiçoeiro, sedutor e eu também cai nas suas cantadas irresistíveis.
Paguei um preço alto para continuar com esses afagos, com esses elogios que alimentavam minha auto-estima.
Pensava assim...
Quem sou eu sem essa confecção? Nada.
O que eu vou fazer sem essa confecção? Nada.
Não sobrava nada de mim...nada pra ser e nada pra fazer.
Quem suporta ser invisível, não ser nada?
Eu acreditava piamente que eu era aquilo e não me via de uma outra forma.
Eu não sabia quem eu era, então sofria muito pensar em ficar sem ninguém pra me dizer quem eu era.
Como estava longe de mim mesma, precisando que viesse de fora esse feedback!
Bem, essa luta insana pra não perder minha falsa identidade durou até o ponto de ficar insuportável financeiramente.
Ou porque aquilo não era pra mim, ou porque aquilo estava em desacordo com o minha alma, ou porque aquilo não estava pronto para acontecer, ou porque tem algo melhor me esperando, ou por isso, ou por aquilo, sei lá.
Existem “ns” motivos para algo não dar certo, ou dar certo só por um tempo.
E a gente cria resistência e não desapega.
Fica carregando um fardo pesado, vivendo uma ilusão, algo irreal, só para agradar ao senhor Ego, só para se sentir bem na fita.
Mas, creio eu, que aí começou o meu trabalho tantas vezes adiado de investir no meu auto-conhecimento.
Tive que me rever várias vezes e um dia encarei de frente o meu processo de auto-desconstrução.
Tenho me construído e desconstruído várias vezes desde então.
Não me apego mais com unhas e dentes a qualquer auto-imagem criada pelo meu Ego.
Quando sinto que estou quase me aprisionando a uma nova imagem, mudo de direção.
A gente não é isso ou aquilo...a gente está isso ou aquilo.
De tempos em tempos, principalmente quando vemos que nada está fluindo direito e tudo está difícil, precisamos nos desconstruir, desmanchar, liberar nossos paradigmas, nossas crenças herdadas e adquiridas.
Mudar nossas falsas verdades de quem somos para ver tudo de uma outra maneira.
O mais importante é nos libertarmos dessa prisão que é ficar refém do auto-conceito e do conceito que os outros tem sobre nós.
Outro dia, eu estava querendo montar umas coreografias de dança e um dos ensinamentos foi bem esse:
“Depois da coreografia montada, faça o seguinte. Desconstrua a coreografia, mude tudo o que você criou. Se era para ir para um lado, vá para outro. Desconstruindo a criação, você pode descobrir inúmeras opções novas para tudo ficar melhor ainda".
Ficar atento às armadilhas que o Ego traz...é raro quem consegue isso muito cedo na vida e tem gente que nunca consegue.
Cai na rede toda hora, como um peixe que cai enganado, sem conseguir se livrar dela.
O Universo sempre nos envia sinais pra não cair nessa rede do Ego.
O que é para ser flui com graça, naturalmente, sem muito esforço, como uma dança.
Só depois de algum tempo aprendi isso, mas nunca é tarde pra aprender nada.
Agora levo a minha vida como uma coreografia de dança.
Se estou indo para um lado e sinto que não está fluindo, eu viro e vou para o outro lado.
Eu desconstruo a minha coreografia e mudo a criação da minha vida.
Isso me permite dançar da forma mais linda de todas...
Aquela livre, fluida, flexível, natural, harmoniosa, prazerosa.
Que segue a vozinha da intuição que diz baixinho no meu ouvido:
"Bela, vira pra cá...aqui tem coisa melhor".




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