Tem dias que quero uma rede pra descansar. Tem dias que quero umas asas
pra voar. Antes, eu brigava com isso e achava que não podia parar nunca. Agora
estou aprendendo a me mover de acordo com as energias que me apoiam em cada
momento.
Estou aprendendo a navegar nesse meu mar, a subir, a descer, a mergulhar
dentro de cada onda para criar com mais graça e com mais facilidade dentro do
fluxo. Estou aprendendo a honrar cada fase que estou.
Isso me tirou pra fora daquele velho paradigma de sempre me forçar a
fazer algo, não importa o que. Estou mais atenta para ouvir os sinais do meu
corpo que ora pede pra descansar, ora pede para agir. Lutar contra os tempos que pedem descanso é inútil, é sofrido, é
desgastante. O contrário também, desperdiçando no ócio tempos que pedem muita
ação.
Agora fiquei esperta e me coloco na espera de uma nova onda energética
que me empurra ou que me segura. Isso é muito mais confortável, muito mais
sábio, muito mais inteligente para aproveitar a próxima energia universal que
vai chegar. É um movimento de entrega, de desapego, compreendendo que quando o tempo
for perfeito eu realizarei muito e quando não for perfeito eu vou me concentrar
naquilo que me traz alegria.
Entendi que tem tempo disso, tem tempo daquilo. Tem dias para parar e
tem dias para caminhar. Tem dias para não se fazer nada e tem dias para se
fazer muito. Como me tornei uma boa aprendiz das leis universais, agora eu faço
assim. Eu deito na rede e fico esperando as ordens que os bons ventos me
trazem. O que eles disserem para eu fazer eu faço. Eu escuto, eu confio, eu
obedeço, eu agradeço.
Agora com todos esses meus anos dependurados nas costas, me deparei de
novo com essa pergunta: Afinal, o que você ainda quer? Ao longo de um bom tempo,
eu sempre tive respostas na ponta da língua. A lista delas sempre foi meio
grandinha e eu ia riscando do meu jeito.
Há pouco tempo, através de um artigo que li, essa pergunta veio de novo
até mim e estranhei não começar a enumerar minhas respostas. Estranhei quando
me veio rapidinho uma só..."EU NÃO QUERO MAIS NADA". Olhei para um lado, olhei para o outro e não entendia aquilo. Tinha dado
um basta nos meus quereres, esses pernilongos mentais que ficam atazanando a
vida da gente.
Cansei de ser a chefe da minha vida e escolher sozinha o meu cardápio...
"eu quero isso, eu quero aquilo". Daqui pra frente, eu só quero o que
o Universo trouxer até a minha porta. Só vou querer o que me quer e se
quiser.
Que maravilha não querer ser nada, não querer nada, não querer ir a
lugar algum. Que maravilha quando se sente à vontade com o que se tem e com o
que se é. Agora só durmo de conchinha comigo mesma para recuperar todos os
atrasados daquele amor próprio que sempre some na juventude. Outro dia, deitada com as pernas para o alto, eu coloquei a mão no meu
coração e enfim, descobri o que eu não sabia. Que eu sempre fui muito legal.
Santa maturidade essa!
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