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sexta-feira, 10 de junho de 2016

UmaVida...Trancoso...

Eu gosto muito dessa minha história de Trancoso. Sempre quando conto para alguém, eu me divirto tudo de novo. Eu tenho a mania de inventar um dia novo, um ano novo, quem sabe uma vida nova.
Sempre quando me abro para alguma coisa, uma experiência qualquer, ela se joga na minha frente.
As coisas caem na sua mão quando você está aberta, pronta pra viver isso.
Foi assim com Trancoso.
O auge dessa vilazinha foi na minha época de juventude, anos 60, 70.
Nessa época que foi o “boom” dela.
Mas não estava aberta para isso, sei lá, então passou batido e não a conheci.
Um dia, pesquisando na internet, cai em uma página falando dessa cidadezinha litorânea bucólica da Bahia.
Meus olhinhos já brilharam, completamente seduzida, encantada, perdidamente apaixonada.
Era tudo que eu queria...ficar ali naquelas casinhas coloridas do famoso Quadrado, só vendo a vida passar pelas calçadas.
Bem, como fazer isso?
Na época, o Rui e eu fazíamos planos de alguma viagem em um fim de semana, para uma praia do Nordeste.
Como não dou ponto sem nó, na hora levantei o dedo e disse:
...“Vamos para a Bahia”.
Sugeri a ideia de ir para Arraial da Ajuda, porque é claro, dali poderia ir até Trancoso.
Isso tudo quietinha, sem soprar ao vento meus planos de imediato, porque isso poderia jogar areia no meu sonho e afundá-lo antes de nascer.
Depois de chegar em Arraial, um dia fomos conhecer a Praia dos Espelhos. 
Quando voltamos já era meio tarde e com uma estrada de chão meio precária, o Rui não queria voltar de noite.
Tinha pressa de chegar em Arraial.
Sem falar dos meus planos, eu insisti em parar em Trancoso, porque sabia que outra oportunidade eu não teria tão cedo.
Enrolei, disse que era rapidinho e aí ele topou, mas com aquela cara de quem está olhando o relógio toda hora.
Quando cheguei de frente ao Quadrado, eu parecia uma criança que tinha ganho um brinquedo.
Sentei o Rui em um banco qualquer, coloquei um jornal e um sanduíche na mão dele e corri para o abraço.
Quando eu preciso ser esperta, ninguém ganha de mim.
Acho que não deu 10 minutos, eu já tinha dado uma volta inteira na pracinha mais charmosa do mundo.
O suficiente para pegar nas portas das casinhas, alguns contatos para aluguel.
Guardei aqueles papeizinhos na bolsa com cuidado, como se fossem a rota secreta para descobrir um tesouro no fundo do mar. 
Isso tudo muda, calada, com cara de paisagem.
Cheguei em Londrina e começou minha odisseia.
Liguei para os contatos que tinha e numa dessa descobri a Sandra, que morava em SP, e era uma locadora de uma casinha.
Papo vem, papo vai, fechei o negócio de alugar por uma semana, entre Natal e Ano Novo.
Sem falar com ninguém, sem consultar ninguém, sem pedir conselhos pra ninguém.
Quando o Rui chegou para o almoço, depois de dar um beijinho, é claro, eu disse:
...“Aluguei uma casinha no Quadrado de Trancoso por uma semana”.
Ele ficou assustado e as perguntas brotavam como uma fonte de águas dançantes:
...“Mas como? Como você achou isso? Como vai fazer? Quanto custou? Como vai pagar? Como vai pra lá? E a última: Você está doida?
Bem, depois dele esvaziar encima de mim todo aquele stress com inúmeras perguntas, comecei a pensar em responde-las.
..."Nós vamos de avião e vou levar as telas enroladinhas com a gente".
Como eu já sabia que o espaço que eu tinha era minúsculo para expor as telas, eu bolei algo que eu achei genial.
Levei todas as telas sem molduras, só na lona, como um tecido.
Enrolei e coloquei cada uma em um canudo de papelão.
No espaço que dei conta de alugar, que mais parecia uma caixinha de fósforos, eu coloquei no teto umas 5 linhas paralelas e esticadas.
Fazendo um varal, coloquei as telas dependuras com prendedores de madeira.
As coisas mais simples são as mais encantadoras.
Ficou incrível...parecia até uma instalação.
As pessoas iam abrindo espaço, passeando no meio desse varal, para ver as telas.
Cada um que comprava eu tirava do varal, como uma roupa que já secou, enrolava e entregava dentro do tubo de papelão.
Fiquei encantada com essa minha ideia..."Easy Art".
Tudo em nome da criatividade..rsr
Entrava muita gente, de tudo que é jeito, de tudo que é lado, falando vários idiomas do mundo.
Todos em busca desse “way of life” de Trancoso, esse jeito de viver informal, simples, descompromissado, natural.
Até a princesa de Mônaco, anônima e desconhecida, com rasteirinhas no pé, eu vi dentro do meu espaço.
Ficamos sabendo porque alguém nos disse assim:
“Sabem quem é aquela ali? A princesa de Mônaco.”
Ele era o dono de uma agência de seguranças que estava com ela.
É ou não é muito inusitado isso?
Bem, acabou o tempo de locação, nos divertimos de montão, vendi bastante e viemos embora.
Aqui, não me conformava em ter vivido tão pouco um sonho tão gostoso. 
Queria mais, muito mais...gostei da brincadeira.
Começou a renascer a vontade de repetir a dose, com mais tempo.
Mas essa vontade continuava calada, na dela.
A história seguiu os mesmos passos, afinal tinha dado certo.
No ano seguinte, a Sandra me ofereceu a locação por 30 dias.
Papo vem, papo vai, fechei por mais esse tempo.
...“Como vai ficar lá um ano sozinha, porque eu não posso”?
...“Eu vou ficar sozinha. Simples assim.”
 No ano seguinte, a Sandra me ofereceu por um ano.
Papo vem, papo vai, fechei  por mais esse tempo.
...“Como vai montar uma loja lá, morando aqui?
...“Nós vamos de caminhonete, amarramos uma bandana na cabeça e pronto. Vamos de aventureiros subindo esse Brasil afora. E voltamos lá de vez em quando para ver como anda essa aventura maluca. Simples assim.”
Para montar uma loja, precisei aumentar minha linha de produtos para trazer mais opções e além de telas, fiz tecidos e sacolas.
E coloquei mais alegria pra vender.
Gosto tanto de Trancoso que a minha casa foi inspirada nela.
Trouxe até um cara de lá mesmo para fazer esse cimentão branco da minha sala, que é muito usado por todo lado nessa vila dos encantos. 
Esse meu sonho terminou, mas a magia desse lugar continua aqui dentro comigo.
Eu vim embora, mas trouxe Trancoso comigo.
É assim que as coisas acontecem na minha vida.
Tudo sempre começa com o desejo de um sonho.
Fico quietinha alimentando, só nutrindo esse sonho.
Os percalços vão aparecendo e eu vou resolvendo.
Não fico pensando em como, quando, com quem.
Jogo energia boa e acredito de verdade que vai acontecer.
É claro que nem sempre dá certo, mas quando não dá é porque não era para acontecer.
O mais importante é confiar que tudo vai dar certo.
E na maioria das vezes, sempre dá tudo certo.
Simples assim.


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